Thursday 6 April 2006

Olho vivo e pé ligeiro

Estes limites que tanto se fala...
Quem os impõe...esta sociedade, que se autoproclama avançada, tolerante, liberal...Humana?
Mas que nos transforma em máquinas, sociedade que aceita apenas aqueles que se regem pelos seus padrões, o padrão do estatuto social, do ser o maior, competir com o vizinho, o parceiro, que distingue tudo e todos, individualmente, sem dar valor à equipa e ao trabalho interdisciplinar.
Que sociedade esta, que mostra o comportamente mais tipicamente animal, o caçar para sobreviver, o acasalamento para procriação da espécie (qualquer semelhaça com o Vaticano é pura coincidência), o superar a própria raça, competição entre a mesma raça...alguns destes comportamentos deixariam o puro comportamento animal estupefacto.
MAS O QUE É ISTO DE SOCIEDADE E LIMITES QUE NOS SÃO IMPOSTOS?
A alegria e o bem-estar são vistos como patológicos, o mal-estar e a tristeza como desvios da normalidade; o estado de saúde como inimigo, a doença como mal que nos afasta da sociedade.
Felicidade = excentricidade???
Timidez = falta de afirmação pessoal
Nisto tudo haverá espaço para a variação inter-individual, ou até a variação intra-individual...porquê gostar de uma coisa e afirmá-la hoje, se desmenti-la amanhã será falta de afirmação e instabilidade, falta de coerência...Não será isto sinal de uma constante e fantástica procura de conhecimento, de capacidade lógica e raciocínio, da busca incessante de saber e ir mais além?
A vinculação a pensamentos não será uma forma de repressão?
Coitadas das gerações vindouras que serão transformadas em máquinas industriais ao serviço da dita comunidade que se corrompe a ela própria.
O apogeu da robótica veio para ficar, nós somos os robots que dominarão o mundo nos tempos vindouros...para quê a busca de hardware e software avançado que nos permita a libertação espacial e temporal, se nós mesmos teremos que nos tornar umas máquinas ao serviço dessas mesmas máquinas?
Não deveria ser a evolução um bem que nos liberte, que nos deixe ser nós, que nos dê tempo para aquilo que é a condição humana?
Onde vai parar a sociedade? Não dar aos filhos aquilo que o mais antepassado de nós conseguia dar sem um computador, uma televisão, a busca incessante de informação com conteúdo e interesse duvidoso, mas que a procuramos incessantemente para afirmação pessoal...
Onde está o Eu, o Nós, a Família, a Comunidade, a Sociedade que nos distingue do comportamente animalesco?
Será este o caminho a seguir?
Tudo o que vejo é decadência, perda de qualidade de vida, tempo que falta para fazer o que deveríamos ter tempo de sobra...
A realidade que temos é a realidade que desejamos? será esta a realidade que nós Homens vivemos? ou criamos um mundo paralelo à realidade e a deixamos passar sem nos darmos conta...

Porque vale a pena pensar nisto

1 comment:

Anonymous said...

Meu Amigo!
É impossível passar por aqui e ler o que escreveste sem deixar um comentário.
De facto, para onde quer que olhe ultimamente só me vem à cabeça uma expressão: "falta de valores"!
Mas temos de pensar que há sempre aqueles que estão à margem da sociedade... :) Há ainda Pessoas, com um P grande de Personalidade, que se evidenciam pela busca incessante daquilo a que tu chamas "condição humana".
Porque, afinal, a sociedade impõe-nos os limites, mas somos nós próprios que decidimos até onde devemos e queremos ir. Porque é bom estar triste, e rir no minuto a seguir, e voltar a chorar, sem nos preocuparmos com aquilo que vão pensar de nós; é bom sermos nós próprios, e mostrar-nos assim ao resto dos nossos companheiros nesta viagem da vida.
E assim, aqui deixo uma palavra de esperança: cabe-nos a nós transmitir à nova geração os valores do Eu, do Nós, da Família, da Comunidade, da Sociedade.
Vamos ser diferentes!